Após ser atingida por um raio, uma mulher traumatizada entra em um grupo de apoio e embarca em uma jornada que promete dor e prazer.
Reviews e Crítica sobre Os Impactados
Depois de ter sido marcado por uma encenação subtilmente singular da perturbadora estranheza na crónica adolescente desde o seu primeiro filme XXY (2007) e depois com El Niño pez (2009) mas também num drama histórico com a figura do criminoso de guerra nazi Mengele em A Família Doutora ( Wakolda, 2013), a autora, roteirista e cineasta Lucía Puenzo havia desaparecido dos noticiários do cinema na França por falta de distribuição de seus filmes realizados nesta década, para cinema, televisão e plataformas.
A sucessiva apresentação de Los Impactados nos festivais de San Sebastián e Biarritz em setembro de 2023 foi uma grande oportunidade para redescobrir a cineasta argentina mais marcada pelo mundo de David Cronenberg desde o seu início. Assim, o fascínio pelas sensações extremas pelas descargas elétricas após ser confrontado com a morte por esta mesma fonte de energia lembra Crash (1996) do cineasta canadense. Quanto à exploração do extremo através da intimidade das sensações do corpo feminino, assemelha-se ao primeiro filme virtuoso de Marina de Van, In My Skin (2002). Para estas duas referências, o terror nunca está longe, mas Lucía Puenzo nunca se arrisca a explorar este género no cinema. Baseia-se na forte interpretação de Mariana Di Girólamo, a mais promissora e ousada atriz chilena desde a sua atuação em Ema (2019) de Pablo Larraín e novamente La Verónica (2020) de Leonardo Medel. A atriz também integrou o elenco do filme Alien0089 (2023) de Valeria Hofman na competição de curtas-metragens do festival de Biarritz numa interpretação experimental como personagem virtual.
A atriz desenvolve maravilhosamente a ambiguidade da personagem principal, mas numa narração nada surpreendente que não corre o risco de questionar a desordem mais profunda e perturbadora que David Cronenberg e Marina de Van exploraram plenamente. A única ousadia da personagem se reduz a uma relação adúltera com intensa sexualidade elétrica que também não chega nem perto do amor louco de O Império dos Sentidos (1976) de Nagisa Oshima. A única singularidade da história consiste em defender uma personagem feminina que se emancipa de duas fortes figuras do patriarcado com um pai que se diz ser o causador do suicídio de sua mãe e um marido que parece seguir cegamente o comportamento do dito pai segundo mimetismo espontâneo. Por outro lado, ela apenas foge dessas figuras para encontrar outra onde se encontram as figuras de seu pai e de seu companheiro, o que limita muito sua jornada emancipatória.
Já as cenas de choques elétricos, num filme argentino, lembram as técnicas de tortura praticadas pelos algozes da ditadura militar. Assim, o tema do filme se prestou a uma leitura do inconsciente da Argentina através de suas novas gerações que colocaram seus corpos em perigo para se conectarem com os reprimidos na história recente do país. Aqui, mais uma vez, esta via óbvia não é de todo explorada. O resultado é um filme que vê todos os elementos eletrizantes de sua trama desaparecerem pelo caminho.
O filme perde-se então numa história muito clássica e com sequências esperadas, esquecendo-se sobretudo de dar mais vida às chamadas personagens secundárias. Apesar da atuação sempre particularmente envolvente de Mariana Di Girólamo, o filme perde força muito rapidamente.
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